De maneira errônea, algumas pessoas associam a agricultura familiar com a agricultura limitada à subsistência. No entanto, esta atividade está longe de ser algo voltado apenas para o sustento da própria família.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a agricultura familiar é responsável por 35% de toda a produção de alimentos do planeta. No Brasil, por exemplo, a agricultura familiar gera emprego e renda para cerca de 10 milhões de pessoas.

Por isso, no post de hoje vamos entender o conceito de agricultura familiar, conhecer a sua importância para a economia local e ver algumas oportunidades de negócios.


Entendendo o conceito de agricultura familiar


A agricultura familiar está associada as formas de cultivo da terra e produção rural, onde a mão de obra é majoritariamente proveniente do núcleo familiar.

O Censo Agropecuário de 2017 apontou que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como da agricultura familiar, ocupando 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.

Além disso, a agricultura familiar emprega mais de 10 milhões de pessoas, representando 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária.

A agricultura familiar também se destaca como produtor de alimentos, em especial pela produção de milho, mandioca, pecuária leiteira, gado de corte, ovinos, caprinos, olerícolas, feijão, cana, arroz, suínos, aves, café, trigo, mamona, fruticulturas e hortaliças.

Por exemplo, nas culturas permanentes, a agricultura familiar responde por 48% do valor da produção de café e banana. Já nas culturas temporárias, por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão, dentre outras. Além disso, a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, conforme explica a Embrapa.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na agricultura familiar a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Além disso, o agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia.


O que caracteriza uma propriedade de agricultura familiar?


A Lei 11.326/2006 define as diretrizes para formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar, assim como os critérios para identificação desse público. Conforme a legislação, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família.

Já a Organização Alimentação em Foco pontua mais fatores, tais como:

  • Diversificação das culturas: variadas espécies são cultivadas ou criadas em pequenos espaços de terras.
  • Renda Modesta: por exercerem suas atividades em uma área pequena a lucratividade da atividade econômica é limitada.
  • Gestão negócio: a administração do empreendimento rural ou da propriedade agrícola é compartilhada pela própria família.
  • Patrimônio cultural: são preservadas as tradições socioculturais e transmitidas de geração em geração.
  • Sustentabilidade: o uso consciente do solo faz parte da conduta do agricultor familiar.


Importância da agricultura familiar para a economia local


Essa prática tem grande relevância para a produção de alimentos, tanto no que se refere à quantidade quanto no relativo à variedade e base para a sustentação das famílias brasileiras. Além disso, ainda tem importante papel na geração de empregos, especialmente na zona rural, e na renda e estruturação familiar.

Por exemplo, no caso da Paraíba, quase metade da produção agropecuária do estado é proveniente da agricultura familiar. Dados do último Censo indicaram que 47,8% da produção paraibana nesse setor vem da agricultura familiar, conforme pontua o Portal G1.


Oportunidades de negócios


O Portal Agrishow Digital ressalta que é necessário que é a agricultura familiar priorize a tecnologia e a inovação, buscando soluções tecnológicas e inovadoras que agreguem valor aos produtos e promovam cada vez mais a sua inserção neste mercado tão competitivo.

Além disso, é necessário que o agricultor familiar esteja atento às tendências de mercado que se apresentam como oportunidades. Por exemplo, a forte demanda do consumidor por alimentos artesanais (slow food) ou aqueles com aspectos éticos (fair trade) ou mesmo relacionados apenas com a sustentabilidade do meio ambiente (orgânicos e agroecológicos) são tendências cada vez mais fortes para o setor.

Atualmente, muitos agricultores familiares adotaram os sistemas de produção agroflorestais. O que isso significa? É um tipo de cultura na qual as espécies florestais são cultivadas junto a outras espécies comestíveis, como as hortaliças. Todas essas práticas contribuem para a preservação dos recursos e produzem alimentos muito mais saborosos e seguros, isentos de contaminações químicas (fonte: Ciclo Vivo).

Pensando em produtos orgânicos e na agroecologia, o Sebrae explica que, neste tipo de produção, abandona-se o uso de agrotóxicos e dá-se preferência por produtos naturais e tecnologias sustentáveis, tais como:

  • adubação verde;
  • adubação mineral;
  • defensivos naturais;
  • rotatividade de culturas.

Ainda nesta linha, uma forma eficiente para acessar novos mercados é a venda em loja de produtos da fazenda de produtos como: frutas; verduras e legumes; bebidas artesanais; conservas; molhos e condimentos; frutas secas; pães e biscoitos; café e chá; doces e geleias; grãos e farinhas; ervas medicinais, laticínios e ovos.

Assim, é possível fortalecer ainda mais a agricultura familiar, tornando-a mais competitiva.

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Crédito da imagem: Photo by Markus from Pexels