A cada ano, a alimentação mais saudável tem ganhado milhões de adeptos. Atualmente, em muitas cidades (mesmo as menores), é possível encontrar alternativas para uma alimentação mais natural.

Neste contexto, a busca por produtos orgânicos tem crescido. E isso tem gerado inúmeras oportunidades de negócios, inclusive para a agricultura familiar.

Segundo o Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil 2021, o país registrou aumento de 63% no consumo desse tipo de alimento na comparação com 2019. Os produtores têm respondido a esse interesse do mercado: de acordo com o Ministério da Agricultura, o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos cresceu 10% entre 2020 e 2021 (fonte: CNA Brasil). E todo esse aumento de consumo abre novas oportunidades, principalmente para a agricultura familiar.

Por isso, no post de hoje vamos entender mais sobre produtos orgânicos, como funciona a agricultura orgânica, a importância da certificação para os produtores e conhecer algumas oportunidades para a agricultura familiar.


O que são produtos orgânicos?


Antes de explicarmos como a produção da agricultura orgânica pode afetar, positivamente, a economia familiar, é importante entender o que são produtos orgânicos.

O produto orgânico é aquele obtido através de um sistema orgânico de produção agropecuária (ou a partir de processos extrativistas sustentáveis), com a preocupação de não prejudicar o meio ambiente, não comprometer os recursos naturais e respeitar as características socioeconômicas da comunidade local (Fonte: Organis, 2019).

Quando se trata de alimento orgânico, o Ministério da Saúde destaca que a principal característica deste sistema de produção é a não utilização de agrotóxicos, adubos químicos ou substâncias sintéticas que agridam o meio ambiente.

Desta forma, para ser considerado orgânico, o processo produtivo deve levar em consideração o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando relações sociais e culturais.

Assim, quando um produto é certificado como orgânico, não é apenas pela sua forma de produção: há um compromisso com a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social em relação a todos os envolvidos neste processo.

E quando falamos de produtos orgânicos, é importante lembrar que não nos referimos apenas aos alimentos: atualmente, há uma grande diversidade de produtos orgânicos, desde cosméticos, vestuários, dentre outros.


A agricultura orgânica no Brasil


No Brasil, a agricultura orgânica foi regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com a Lei 10.831/2003. A lei busca garantir a rastreabilidade do produto, isto é, a possibilidade do consumidor de conhecer a cadeia produtiva que levou a mercadoria do campo até a mesa.

De acordo com o Senar, a agricultura orgânica tem recebido cada vez mais atenção aqui no Brasil. Segundo a Organis, em 2020 o setor cresceu 30%, movimentando R$ 5,8 bilhões no Brasil.


A importância da certificação


Os procedimentos que o produtor necessita seguir, aqui no Brasil, para poder vender os seus produtos como orgânicos são definidos pelo sistema oficial de certificação. Apesar das certificadoras serem privadas, elas são validadas e acompanhadas pelo MAPA.

O MAPA criou um selo nacional de certificação e qualquer produto comercializado como orgânico no Brasil (exceto aqueles que os pequenos produtores vendem diretamente aos consumidores) precisa ter esse selo estampado na embalagem. É o Selo SisOrg (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica).

Como funciona a nomenclatura na rotulagem para produtos processados:

  • Orgânico ou Produto Orgânico: mais de 95% de ingredientes orgânicos;

  • Produto com ingredientes orgânicos: 70% a 95% de ingredientes orgânicos.

Muitas vezes, quando falamos de agricultura familiar, ela está relacionada com a venda direta para o consumidor. Como vimos, quando o produtor se cadastrou apenas para venda direta sem certificação, ele não pode vender para terceiros, mas apenas na feira (ou direto ao consumidor) e para as compras do governo (merenda e CONAB), conforme pontua o MAPA.

Porém, quando o produtor é certificado, ele pode vender seu produto em feiras, mas também para supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias, ampliando muito mais a possibilidade de negócios.


Agricultura familiar na Paraíba: oportunidades da produção orgânica


Quase metade da produção agropecuária da Paraíba é proveniente da agricultura familiar, de acordo com o último censo do IBGE (Censo Agropecuário 2017).

O levantamento indicou que 47,8% da produção paraibana vem da agricultura familiar. Ainda de acordo com o IBGE, o índice paraibano está bem acima do nacional, em que esse tipo de produção agropecuária só corresponde a 22,8% do total produzido no país.

Quando o assunto é agricultura orgânica, na Paraíba existem, atualmente, mais de 700 produtores que trabalham com produtos orgânicos no estado, de acordo com o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. A maior parte está relacionada com a produção de algodão, mas há uma grande diversidade de outros produtos (em menor quantidade), tais como banana, feijão, macaxeira, milho, alface, abacaxi, abóbora, acerola, dentre outros.

E a agricultura orgânica de algodão tem ganhado muito destaque no estado. De acordo com a Fapesq, o algodão orgânico já é produzido por mais de 320 famílias paraibanas. O Projeto Algodão Paraíba visa atender a demanda crescente de insumos têxteis para a indústria da moda sustentável.

Por isso, investir na certificação da produção orgânica da agricultura familiar trará diversos benefícios para as respectivas regiões, tais como:

  • Geração de emprego e renda;

  • Produção de alimentos de qualidade;

  • Uso sustentável dos recursos naturais;

  • Geração de ganhos para comunidade local.

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Crédito da imagem: Photo by Adonyi from Pexels