O segmento alimentício desempenha um papel crucial na economia brasileira. Segundo dados da Indústria Brasileira de Alimentos e Bebidas (ABIA), ele representa cerca de 10% do PIB nacional e gera mais de 1,8 milhão de empregos diretos. Esse segmento abrange uma ampla gama de atividades, englobando desde a produção industrial de alimentos até o comércio varejista de alimentos e bebidas, além de serviços relacionados.
Em 2022, o segmento alimentício registrou um desempenho
notável, alcançando um faturamento recorde de R$ 1,075 trilhão, conforme
revelado pela ABIA. O aumento das vendas no mercado interno foi de 14,3%,
atingindo R$ 770,9 bilhões. As exportações, por sua vez, cresceram 30%, com
faturamento de R$ 304,4 bilhões. A produção física da indústria também cresceu,
com incremento de 2,5%. Também foram gerados mais de 58 mil novos empregos no
ano passado (ABIA, 2023). Nesse contexto, o segmento de food service representa 27% das vendas na
indústria alimentícia brasileira, equivalente a R$173,3 bilhões .
Tendências nacionais
O segmento alimentício brasileiro está se transformando em um
setor cada vez mais competitivo e inovador. Algumas das principais tendências
do setor incluem:
- Crescente
demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis: os consumidores estão cada
vez mais preocupados com a saúde e o meio ambiente, o que está
impulsionando a demanda por alimentos orgânicos, integrais e com menos
conservantes. Conforme dados do Euromonitor International, mais de R$100 bilhões em alimentos saudáveis foram
comercializados em 2020.
- Crescimento do
e-commerce: o comércio eletrônico está crescendo rapidamente no Brasil, e
o setor alimentício não fica de fora dessa tendência. O e-commerce oferece
aos consumidores uma maior variedade de produtos e preços mais
competitivos. A utilização de aplicativos para compras de
supermercados cresceu 29% entre o fim de 2022 e início de
2023, segundo a Pesquisa Webshopper da NilsenIq Ebit.
- Expansão da
indústria de alimentos e bebidas de base vegetal: o mercado de produtos à
base de plantas está crescendo rapidamente no Brasil, impulsionado pela
crescente demanda por alimentos veganos e vegetarianos. Dados do The Good Food Instituto Brasil (GFI)
indicam que o segmento cresce mais de 7% ao ano, e alcançará uma expansão
anual média de quase 12% até 2027, de acordo com cálculo do Meticulous
Market Research.
Desafios para bares e
restaurantes
O
estudo realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)
aponta que, em agosto de 2023, observou-se um aumento de 5% no número de bares
e restaurantes que enfrentaram prejuízo. Esse aumento foi causado por
diversos fatores, incluindo a queda nas vendas, o aumento dos custos e a
concorrência cada vez mais acirrada.
Dentre eles, 24% dos estabelecimentos comerciais registraram
perdas financeiras em agosto de 2023. Outros 34% mantiveram o equilíbrio e 41%
obtiveram lucro. A queda nas vendas foi apontada como o principal motivo para
os prejuízos, sendo mencionada por 82% dos entrevistados na pesquisa.
Empresas mais recentes e de menor porte demonstraram maior
propensão a operar no vermelho: 33% das empresas com um a três anos de
existência apresentaram prejuízo, em comparação com 18% das que têm mais de 10
anos. Isso ocorre porque essas empresas
costumam ter menos recursos e experiência para enfrentar os desafios do mercado.
Além disso, o tamanho da empresa exerce uma influência nesse
cenário: 33% dos estabelecimentos com faturamento de até R$ 1 milhão encerraram
o mês de agosto no prejuízo, enquanto apenas 8% daqueles que faturam acima de
R$ 4,8 milhões enfrentaram a mesma situação.
Recortes da Paraíba
No cenário empresarial da Paraíba, o segmento alimentício se
destaca com um total de 43.258 empresas ativas, abrangendo os setores de
indústria, serviços e comercialização. O levantamento da Receita Federal do
Brasil (RFB) constata que para cada 1.000 empresas em atividade na Paraíba, 156
delas estão envolvidas com o segmento. Isso significa uma densidade de uma
empresa para cada 93,9 habitantes, de acordo com a estimativa populacional do
IBGE para 2023.
A mesorregião da Mata Paraibana é a que concentra o maior
número de empresas do ramo, totalizando 21.684, o que representa 50,1% do total
do estado. Em seguida, temos o Agreste Paraibano, com 12.642 empresas (29,2%),
o Sertão com 6.671 (15,4%) e a Borborema com 2.261 (5,2%).
Os municípios de João Pessoa e Campina Grande lideram o
número de empresas ativas em 2023, juntos representando 47,5% do total do
segmento alimentício no estado.
Diferentes tamanhos,
grandes resultados
No que diz respeito ao porte das empresas, as Microempresas
(ME) predominam no mercado alimentício estadual, com 73,8% do total. Com base
na RFB, elas são mais caracterizadas por atividades relacionadas aos serviços,
sendo 22,4% ME, 2,2% Empresas de Pequeno Porte (EPP) e 1,7% Médias e Grandes
Empresas (MGE).
Destaca-se também a forte presença no setor de serviços,
contribuindo com 48,4% das atividades desse segmento, o que equivale a 20.957
empresas ativas. Em segundo lugar, temos o comércio, com 16.943 empresas,
seguido pela indústria, com 5.358.
Longevidade no ramo e
atuação
A maioria das empresas do segmento alimentício na Paraíba têm
até 3 anos de operação no mercado, representando 38,8% do total. No entanto,
também há uma representatividade significativa de empresas com mais de 80 anos
de atuação, correspondendo a 30,1%. Entre 3 e 10 anos, temos 16,8%; entre 10 e
20 anos, 9,4%; entre 20 e 40 anos, 4,7%; e entre 40 e 80 anos, 0,2%.
No que diz respeito às atividades específicas, 5.918 empresas
operam no comércio de lanchonetes, casas de chá, sucos, restaurantes e
similares, seguidas por 5.615 empresas na categoria de restaurantes e
similares, 5.609 no comércio varejista de bebidas, 3.977 no fornecimento de
alimentos preparados para consumo domiciliar e 2.635 no comércio varejista de
produtos alimentícios em geral.
Mais emprego e renda
No primeiro semestre de 2023, foram admitidas formalmente
2.047 pessoas no segmento alimentício da Paraíba, com um salário médio de R$
1.823,04. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do
Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED) demonstram um saldo positivo de
empregos no estado, indicando um aquecimento no setor. A região da Mata
Paraibana, onde está localizada a capital do estado, liderou com um saldo
positivo de 8.073 contratações, seguida pelo Agreste com 2.909, o Sertão com 857
e a Borborema com 120. Esses números refletem um panorama promissor para o
segmento alimentício na Paraíba em 2023.
Boletim do segmento na
Paraíba
O segmento alimentício é um setor dinâmico e em constante
evolução. As tendências apontadas para os próximos anos indicam que o setor
continuará crescendo e se tornando cada vez mais competitivo e inovador. O
desempenho positivo da indústria de alimentos em 2022 é um sinal da
consolidação como uma importante força econômica no país e na Paraíba. Confira mais informações através do boletim Segmento Alimentício paraibano do primeiro semestre de 2023, produzido pelo Sebrae Paraíba.