A criação de camarão para fins comerciais tem crescido no Brasil e tem gerado oportunidades de negócios para diversas famílias, mesmo para aquelas que vivem longe do litoral.

De acordo com o Sebrae, as principais vantagens para o produtor de camarão são: curta duração dos cultivos; altos preços do produto no mercado; e condições climáticas favoráveis para o cultivo.

E para entender mais sobre este tema, no post de hoje vamos compreender o que é a carcinicultura, conhecer o panorama brasileiro e ver oportunidades de negócios para a Paraíba.


Entenda o que é carcinicultura


A carcinicultura é um segmento específico da aquicultura voltado para a criação de camarão em cativeiro, tanto na forma de cultivo marinho como de água doce.

De acordo com o Sebrae, essa é uma atividade econômica muito importante em várias regiões do litoral brasileiro, devido ao elevado valor comercial destes produtos na alimentação humana e também pela sua geração de emprego e renda.

Além disso, pequenos produtores podem se beneficiar deste tipo de criação. Por exemplo, a criação de camarão de água doce pode ser realizada em sítios e chácaras, desde que tenham condições adequadas, como espaço para um ambiente aquático e temperatura da água acima de 20°C durante, pelo menos, seis meses consecutivos, para além do cumprimento das exigências legais.


Criação de camarão de água doce X água salgada


De acordo com o Instituto de Pesca, há duas espécies que representam quase a totalidade da produção nacional: o camarão-da-Malásia e o camarão-branco-do-Pacífico (Litopenaeus vannamei).

O camarão-da-Malásia é originário do sudeste asiático e passa a maior parte da vida em rios que desaguam no mar. Em cativeiro, é criado em água com salinidade zero.

Já o camarão-branco-do-Pacífico, principal espécie de camarão marinho criado no Brasil, é encontrado no oceano que o nomeia e passa todo seu ciclo de vida em regiões com médias a altas salinidades, apesar de poder ser criado em água com baixa salinidade.

Embora a composição da carne de ambos seja muito semelhante em termos nutricionais, há duas diferenças mais perceptíveis:

  • Em relação à “casca” (exoesqueleto): a dos camarões de água doce é mais espessa, ou seja, para o seu preparo/consumo é necessário que ela seja retirada.
  • E em relação ao sabor: apesar de ser algo subjetivo, no geral os consumidores relatam que a carne do camarão de água doce é mais “suave e delicada”, enquanto a carne do camarão marinho tem um sabor mais “forte e pronunciado”.


Panorama brasileiro da carcinicultura


A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a carcinicultura continua em crescimento pelo terceiro ano consecutivo. Em 2020, foram 63,17 mil toneladas de camarão criado em cativeiro, um volume 14,1% maior que 2019.

De acordo com o Portal Seafood Brasil, a criação de camarão para fins comerciais é liderada pela região nordeste desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2013. Por exemplo, em 2020, a produção nordestina representou 99,6% do total nacional.

Nessa região, os destaques ficaram com os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, com 34,8% e 33,2% do volume total nacional, respectivamente.

Já em relação ao consumo, de acordo com o Plataforma Broto do Banco do Brasil, o mercado segue em recuperação da queda ocorrida em função pandemia. Com a

queda brusca da procura por hotéis e restaurantes, principais mercados consumidores do produto, o preço do quilo de camarão chegou ao patamar de R$ 12/kg.

Já a exportação de camarão ainda é pouco representativa no Brasil de maneira geral, com a comercialização ainda sendo voltada mais para o mercado interno. Porém, o câmbio atual favorece, e muito, a comercialização externa desse produto.


Carcinicultura na Paraíba: oportunidades


O Portal G1 pontua que a produção de camarão na Paraíba cresceu 21,6% em 2020, segundo a PPM do IBGE. Com 5.3 mil toneladas, o estado também registrou a 3ª maior quantidade produzida do país e o 3º maior valor de produção do Brasil, faturando um total de R$ 102,3 milhões.

Os maiores produtores, no estado, em 2020, foram:

  • João Pessoa: 860 toneladas;
  • Santa Rita: com 790 toneladas;
  • Itatuba: 500 toneladas;
  • Itabaiana: 500 toneladas
  • São Miguel de Taipu: 400 toneladas;
  • Salgado de São Félix: 350 toneladas.

E o Senar possui ações e iniciativas para dar auxílio técnico para apoiar a melhoria da produção de camarão na Paraíba, inclusive em regiões longe do litoral. Por exemplo, por meio do programa Agronordeste, é possível que o pequeno produtor tenha Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Além disso, a produção de camarão, quando ela atende às exigências internacionais, pode ter excelentes oportunidades para a exportação. No caso da Paraíba, a exportação de Crustáceos, moluscos e invertebrados aquáticos já representa 5,4% do total de produtos exportados em 2021 pelo estado, que tem como ranking (fonte: Comexstat):

  • Calçados;
  • Álcoois, fenóis, fenóis-álcoois;
  • Sucos de frutas ou de vegetais;
  • Açúcares e melaços;
  • Crustáceos, moluscos e invertebrados aquáticos.

Certamente a criação de camarão em cativeiro pode ser uma oportunidade de negócio para a Paraíba, tanto para as comunidades litorâneas como as do interior.

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Crédito da imagem: Photo by Tom from Pexels