A desigualdade entre homens e mulheres é visível nas mais diversas esferas, inclusive na econômica, no mercado de trabalho e no empreendedorismo.

 

Por isso, é importante entender o que é Empreendedorismo Feminino: um movimento que envolve negócios fundados, pensados ou comandados por mulheres, incluindo empresas com liderança feminina e, muitas vezes, com mulheres ocupando os cargos mais altos em sua hierarquia, como indica o Portal FIA.

 

No geral, os motivos mais comuns que levam as mulheres a abrirem seu próprio negócio, para além da falta de outras oportunidades, estão relacionados com a flexibilidade de horário, a possibilidade de conciliar trabalho com a família, realizar um sonho, dentre outros (fonte: Portal Terra).


E para entender mais sobre este tema, no post de hoje vamos compreender o que é empreendedorismo, o atual panorama do empreendedorismo feminino e os seus principais obstáculos.


Entendendo o que é empreendedorismo

Você sabia que há diferentes formas de empreendedorismo? O Sebrae identifica dois tipos principais de motivadores para o empreendedorismo: necessidade e oportunidade.

  • Empreendedorismo por necessidade: quando a pessoa não encontra oportunidades de emprego ou recolocação na própria carreira e, por isso, é levado a criar o seu trabalho para resultar, assim, em renda. Nessas situações, as atividades tendem a ser mais tradicionais.
  • Empreendedorismo por oportunidade: caracterizado pela pessoa que enxerga uma oportunidade e vislumbra a possibilidade de geração de renda e lucro. Nesse tipo, o responsável tem mais expectativa de crescimento do que aqueles que empreendem motivados apenas pela necessidade.


Panorama do empreendedorismo no Brasil

De acordo com a última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2021), há uma estimativa de 43 milhões de pessoas adultas (com 18 a 64 anos) que podem ser consideradas como empreendedoras.

 

Sebrae pontua que a taxa de empreendedorismo por necessidade é composta por "empreendedores nascentes" (aqueles que pensam em abrir um negócio ou já o fizeram em até três meses), e pelos "novos empreendedores" (que possuem um negócio entre três meses e 3,5 anos). Isso exclui, portanto, negócios mais maduros e que podem ter sido abertos com essa motivação.

 

E, durante a pandemia, este tipo de empreendedorismo tornou-se ainda mais evidente. De acordo com o Portal G1, o empreendedorismo ainda é marcado pelo investimento por necessidade e falta de outras oportunidades no mercado de trabalho, representado por 48,9% dos novos negócios no país que foram abertos ou mantidos com essa motivação.


Empreendedorismo feminino no Brasil: panorama e desafios

A Pesquisa anual de 2021, elaborada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) identifica que 45% dos empreendimentos brasileiros são liderados por mulheres.

 

E aquela máxima de que uma sobe e puxa outra é verdade: mulheres empregam mais mulheres. Apesar da maioria dos negócios comandados por elas não ter funcionários, representando 60%, quando contratam, elas preferem a mão-de-obra feminina. Além disso, 45% dos empreendimentos liderados por mulheres são majoritariamente femininos e sete em cada dez empreendedoras possuem sócias mulheres (fonte: Sebrae).

 

Porém, empreender sendo mulher não é tarefa fácil. Veja alguns obstáculos que elas passam como empreendedoras.

 

Tripla jornada das mulheres empreendedoras

De acordo com o IBGE, mesmo em meio a tantas transformações ocorridas ao longo do último século, as mulheres seguem dedicando relativamente mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas.

 

Para efeitos comparativos: em 2019, os homens dedicaram em média 11 horas  por semana aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, enquanto o tempo dedicado pelas mulheres a estas tarefas foi de cerca de 21 horas e meia por semana. 

 

Ou seja, para além das suas atividades profissionais, as mulheres ainda dedicam muitas horas semanais com cuidados para a casa, para a família e outros afazeres domésticos.

 

Preconceito

A discriminação baseada em estereótipos de gênero, nomeada sexismo, é outro grande desafio para o empreendedorismo feminino.  O Sebrae Minas Gerais explica que as mulheres, ainda nos dias de hoje, sofrem julgamentos desiguais em relação aos homens. Um exemplo: eles ainda são considerados mais competentes em assuntos relacionados aos negócios, o que pode ser entendido como efeito da forte influência cultural, construídas e reiterada por séculos de história.

 

Além disso, há setores nos quais, tradicionalmente, há pouca presença feminina e todos estes estereótipos acabam por reforçar esta realidade, como os setores de tecnologia e informática.

 

Acesso ao Crédito

Segundo dados do Sebrae, as mulheres tendem a ter mais dificuldade de acessar crédito para os seus negócios.

 

Mas será que é a inadimplência que justifica esta dificuldade em acesso ao crédito? Pelo estudo, não. A inadimplência é de 4,2% entre homens e de 3,7% entre mulheres.

 

Ainda de acordo com a pesquisa, quando elas têm acesso ao crédito é com juros superiores aos homens, que pagam 31,1% de juros ao ano, enquanto as mulheres pagam 34,6%.

 

Além disso, outro dado surpreendente: no caso da América Latina e Caribe, embora tenham o maior número de mulheres autônomas, apenas 30% dos pequenos e médios negócios que solicitam empréstimo são aprovados.

 

Voltando ao nosso país, o Female Founders Report 2021 mostrou que, no Brasil, apenas 0,04% do volume investido em startups em 2020 foi destinado àquelas lideradas por mulheres. 

 

Ou seja, empreender para as mulheres tem barreiras e desafios acrescidos daqueles reconhecidamente comuns para os novos negócios no Brasil. Por isso, é importante criar ações específicas  voltadas para essa realidade do empreendedorismo feminino.

 

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